domingo, 25 de outubro de 2009

Era uma vez...

...uma menina que acreditava em contos de fadas. Todas as noites sua mãe lia histórias para ela dormir. A histórias tinham princesas, castelos, dragões, bruxas, heróis, fadas madrinhas e claro principes encantados. Seus sonhos eram repletos de magia e encanto. Ela sempre sonhou alto queria chegar até as nuvens, além do arco-íris, até o infinito.

O tempo passou e a pequena menina se tornou uma linda jovem. E mesmo que todos os seus amigos zombassem dela por isso, ela nunca deixou de acreditar em seus sonhos. Ela acreditava que o conto de fadas ainda podia ser real. Esperava que um dia encontraria o seu princepe encantado, e que juntos seriam felizes para sempre. Mas nunca foi muito fácil seguir acreditando. Assim como qualquer um ela enfrentou muitas decepções durante a vida. Descobriu que alguns de seus amigos não eram tão leais quanto aqueles animaizinhos do bosque onde as princesas viviam. Sua mãe algumas vezes conseguia ser pior do que qualquer madrasta ou bruxa. Os deveres de casa e os afazeres domésticos assustavam mais do que dragões e monstros do mal. E os principes... ah os principes... esses sim eram a maior invenção de todas, afinal só existiam mesmo nos contos de fadas! Nenhum dos garotos que ela conhecera sabia fazer uma gentileza se quer. Eles não cavalgavam em um cavalo branco. Não viviam em castelos. Não elogiavam a sua roupa nem a sua beleza. Não diziam palavras bonitas. Não abriam a porta do carro pra ela descer. Não mandavam flores. Não faziam surpresas. As vezes nem davam presentes, isso quando se lembravam de datas... Todos eles se pareciam mais com o lenhador, ou com o cocheiro. Melhor dizendo, eram todos sapos! Que por mais que ela os beijasse eles nunca viravam principes.

Com mais algum anos e mais maturidade ela aprendeu que poderia se divertir com sapos, enquanto o seu principe não aparecia. Aprendeu a lidar com os contratempos da vida. Afinal se uma princesa conseguia enfrentar tantas coisas, porque ela não? Continuou tendo muitas decepções, mas conseguia sair mais forte de casa uma delas. Tornou-se uma mulher inteligente, independente e bem sucedida.

Seu mundo era quase tão perfeito quanto o de uma princesa. Ela tinha quase tudo o que desejava. Mas a magia ainda seguia viva dentro de seu coração. Mesmo madura e com a vida feita, ela ainda não entendia porque não encontrava alguém especial. Por varias vezes pessoas lhe disseram que não existia essa coisa de amor verdadeiro, de pessoa certa. Mas ela nunca deu ouvidos a isso. Não se imaginava completamente feliz sem poder compatilhar sua vida com alguém. Alguém que ela amasse. Porque escreveriam histórias para crianças baseado em algo que é uma mentira? Porque fazer-los acreditar numa ilusão? Pra que instigar o desejo e as fantasias das pessoas se jamais elas iram provar disso na vida? Pra ela não fazia sentido nada disso. Porque se fosse realmente assim ia ser muita maldade. Algo feito só por pura crueldade. É então que ela se lembra de que o mundo está cheio de pessoas más e crueis. Que adoram construir sonhos nos corações das pessoas só para depois vê-los sendo destruidos pouco à pouco. Como a luz deixando os olhos de alguém que perde a vida. Tudo aquilo em que ela um dia acreditou com toda sua alma, se desfez entre seus dedos e voou com o vento.

domingo, 11 de outubro de 2009