quarta-feira, 21 de maio de 2008

Desenrolando o Acaso


Não me agrada as coisas muito certas
não me atrai uma vida de muito sossego
não existe felicidade sem emoção
não existem sentimentos sem turbulências

Quando tudo está muito calmo
quando as coisas demoram a mudar
é porque algo não está bem
é porque há alguma coisa de errado

São as surpresas e decepções
que quebram a monotonia do meu dia
são os pepinos e abacaxis
que me fazem usar a cabeça

Não sou movida pelo acaso
não faço nada automaticamente
não deixo que as coisas aconteçam
quem acontece sou eu

As formas de dizer, fazer e mudar
são as mais variadas possiveis
dentre as milhões de possibilidades
só o que eu quero é ser eu mesma

Quem dera que para o resto do mundo
isso bastasse, como basta para mim
como seria bom estar bem
só por estar fazendo o que gosto

Mas a minha vida não funciona assim
não vivo isolada
estou inserida num mundo
onde quase tudo é diferente do que penso

Tento tudo que posso
distorço, inverto, desenrolo
mas nada muda o que já é padrão
nada transforma essas mentes

Controlar as nossas vontades
não faz bem pra saúde
reprimir impulsos e a espontâneidade
é substimar nossa criatividade

Não gosto da maneira
como a minha vida é regrada
mas é com isso que vivo
é dessa forma que aprendi a viver

Ao mesmo tempo que
isso me causa repulsa
sinto que está tão atrelado a mim
que é impossivel me disvensilhar

Me ponho de novo a desenrolar o acaso
tentando encontrar uma saída
buscando alguma brecha de transparência
para mostrar a que vim

sábado, 17 de maio de 2008

Resenha: Análise de Discurso

O discurso, segundo Orlandi, “[...] é assim palavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do discurso observa-se o homem falando”. Nesse trecho a autora do livro explica que o discurso não trata somente da língua ou da gramática, trata do uso que nós, seres humanos, fazemos dela para nos expressarmos.
Orlandi diferencia a análise de discurso da análise do conteúdo, dizendo que esta última procura extrair sentidos do texto, enquanto a outra considera que a linguagem não é transparente e vê o texto tendo uma materialidade simbólica própria e significativa e uma espessura semântica, ou seja, não leva em consideração somente o texto analisado para compreender e identificar os significados presentes nele.
São consideradas então as condições de produção de um determinado discurso que compreendem os sujeitos, a situação e a memória. Os sujeitos nada mais são do que os produtores desse discurso influenciados sempre pela exterioridade na sua relação com os sentidos. Situação trata-se do contexto, imediato ou amplo, levando sempre em consideração o momento histórico que se estava vivendo na época da produção. E a memória é o que sustenta os dizeres desse discurso, tudo que já se disse sobre o assunto tratado. “O fato de que há um já-dito que sustenta a possibilidade mesma do dizer, é fundamental para se compreender o funcionamento do discurso e sua relação com os sujeitos e com a ideologia”, afirma Orlandi.
No livro de Eni P. Orlandi são explicados alguns recursos da análise de discurso utilizados para identificar as características ideológicas dos sujeitos. A primeira delas é o “esquecimento” que é explicado de duas formas: primeiro na ordem da enunciação ela diz que “[...] ao falarmos, o fazemos de uma maneira e não de outra, e, ao longo do nosso dizer, formam-se famílias parafrásticas que indicam que o dizer sempre podia ser outro”, isso quer dizer que acabamos expressando a nossa impressão da realidade através da escolha que fazemos por determinadas palavras ou expressões. Já o esquecimento ideológico consiste na retomada de algo que já foi dito como se tivesse se originado no sujeito que o faz. Ele faz isso inconscientemente, pois mesmo antes de ele nascer esse discurso já estava em processo.
Outro recurso explicado pela autora são a “paráfrase” e “polissemia”. Segundo ela, “essas são duas forças que trabalham continuamente o dizer, de tal modo que todo discurso se faz nessa tensão: entre o mesmo e o diferente”. Paráfrase é aquilo que se mantém nos dizeres e polissemia é a ruptura disso. Logo, temos que tanto as constantes quanto as contradições existentes nos dizeres de um mesmo discurso ajudam-nos a identificar muito da situação e da ideologia desses sujeitos, uma vez que sem essas transformações não haveria o movimento dos sentidos, nem a particularidade dos sujeitos. Orlandi completa o pensamento dizendo que nem os sujeitos, nem os sentidos, nem os discursos já estão prontos e acabados, estão sempre se fazendo, estão sempre em movimento na tensão entre paráfrase e polissemia. E essa incompletude é que condiciona a linguagem e cria os diferentes sentidos de um discurso.
“Um dizer tem relação com outros dizeres realizados, imaginados ou possíveis”, inicia Orlandi quando explica que, ao dizer, o sujeito se sustenta em outros dizeres e também visa seus efeitos sobre o interlocutor, sendo que esses efeitos variam quanto à relação de poder que o interlocutor tem com o sujeito. Isso porque o imaginário que um tem do outro interfere em como a mensagem será entendida, e em como o sujeito pensa que ela será entendida. Por muitas vezes os sujeitos antecipam isso, imaginando qual será a imagem que causará nos interlocutores, buscando, através dessa antecipação, que sua imagem seja aquela que ele quer ter para os interlocutores.
O autor demonstra mais adiante que uma “formação discursiva” é que determina o posicionamento ideológico de um discurso. “As palavras mudam de sentido segundo as posições daqueles que as empregam.”, ou seja, a partir do momento em que relacionamos os diferentes sentidos que se pode ter de uma determinada palavra com o sujeito que a usa em seu dizer, isso nos permite compreender o processo de produção dos sentidos e sua relação com a ideologia, levando-nos cada vez mais próximos ao sujeito e a sua intenção ao dizer. A essa transferência de significação de uma palavra para outra, na análise de discurso, se dá o nome de “metáfora”.
Ao afirmar que a presença da ideologia se dá através da interpretação dos sentidos a autora do livro demonstra que tanto os sentidos quanto os sujeitos de um discurso também dependem da ideologia que adotam, e ao mesmo tempo são constantemente influenciados pela linguagem, pela história em que se inserem. Orlandi ainda afirma que o gesto de interpretação se faz entre a memória institucional, que é aquilo que está incorporado ao sujeito desde sempre, e os efeitos da memória constitutiva, que é o dizível, o interpretável, o saber discursivo. Considerando as afirmações da autora pode-se perceber que o sentido que percebemos nos dizeres também estão sujeitos a deslocamentos, apesar de muitas vezes parecerem inalterados, pois somente com ideologia o indivíduo se torna sujeito com identidade.
Ainda no mesmo capítulo, Orlandi expõem que a forma histórica de um sujeito assim como a ideologia da sociedade em que vive, pode alterar sua percepção sobre determinados discursos. Como por exemplo, no capitalismo, onde existem processos de individualização do sujeito pelo Estado, que o submete a um reflexo da realidade aparentemente livre e responsável, provocando o assujeitamento dos indivíduos. A autora também ressalta que “[...] é pela sua abertura que o processo de significação também está sujeito à determinação, à institucionalização, à estabilização e a cristalização”, e que por isso temos que trabalhar continuamente a articulação entre estrutura e acontecimento.
O capítulo seguinte trata de como o analista deve proceder, tendo em vista todos os conceitos levantados anteriormente. Como ele deve trabalhá-los, a ponto de, através deles, conseguir extrair de um determinado dizer os sentidos e ideologias do sujeito. Segundo a autora do livro “a Análise de Discurso não procura o sentido ‘verdadeiro’, mas o real do sentido em sua materialidade lingüística e histórica.” A partir daí, Orlandi descreve como devem ser desenvolvidos os dispositivos para aprimorar a análise e reforça as bases que devem ser consideradas, que são as condições de produção em relação à memória, onde intervém a ideologia, o inconsciente, a falha, o equívoco.
A seguir, o livro traz alguns métodos para ordenar o processo de análise de discurso e organizar as aplicações feitas no objeto de análise. O primeiro deles mostra que o primeiro passo para a análise é o levantamento dos elementos do contexto de produção como o papel social do produtor e interlocutor, lugar social, momento da produção. Feito isso, o próximo passo indicado pela autora é o trabalho com as paráfrases, polissemias, metáforas e a relação dizer/não dizer. Neste último, deve-se construir uma nova versão do objeto de análise, dizendo de outra forma o que é dito, isto para demonstrar que, ao contrario do que parece, o dizer pode sim ser dito de outro modo, sem alterar sua definição semântica, mas podendo alterar a forma como significa dentro do discurso. Após isso, é preciso identificar relações do discurso com formações discursivas que estejam agindo sobre ele, e assim relacioná-lo à ideologia do sujeito para, enfim, poder tirar conclusões a partir dos sentidos de discurso já realizados, imaginados ou possíveis.
Tanto a fundamentação dos conceitos, quanto a orientação de como aplicá-los em um objeto de análise, feitos por Eni P. Orlandi em seu livro demonstram de forma clara os pontos que devem ser considerados na análise de discurso. Entendidos e desenvolvidos esses pontos, podemos não só aprimorar nosso estudo em relação aos textos jornalísticos, como também estar cada vez mais familiarizadas com o modo como se dão as publicações de grandes acontecimentos nos veículos midiáticos de nosso país, e o modo como cada um desses veículos se posiciona em relação a eles.
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Por recomendação do professor Sérsi, vim postar a Resenha que fiz do livro "Análise de Discurso", de Eni P. Orlandi, para a Fundamentação Teórica de nosso trabalho desse ano na faculdade (Projeto Entrevê). É grandinho mas vale a pena ler rs... Beiijos

segunda-feira, 12 de maio de 2008

O Que Importa Pra Você?


O nivel de importância de qualquer coisa
não está nela mesma
e sim em quem as valoriza
ou desvaloriza
Algo pode ser insignificante para uns
e significar a vida para outros
Você pode despresar certos valores
que fazem parte da personalidade de muita gente
Não deveriamos subestimar o gosto
nem o jeito, nem as atitudes de ninguém
Afinal pouco ou nada sabemos dos motivos
que os outros têm para dar
importância ou desimportância à algo
A Dulce é a coisa mais linda do mundo!!
e eu vi ela ao vivo e à cores *-*
Entende? Claro que não... rs

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Liberdade de que?

Episódios recentes estão me perturbando mais do que eu mesma gostaria. Atitudes mesquinhas, falta de ética e falsidade são coisas que eu não engulo nem fodendo. O pior de tudo é quando as coisas passam desapercebidas e os episódios turbulentos caem no esquecimento, muito parecido alias com a politica do nosso país hoje, onde quando a poeira baixa tudo volta ao normal, nada acontece, nada muda. Como podemos nós exigir mudanças, se não mudamos nossas atitudes de uma vez por todas. A nossa liberdade de expreção, assim como todos os tipos de libertades, termina quando começa a dos outros. Mais do que ter a coragem de mostrar nossa opinião e indgnação deveriamos ter consciência e cautela da forma como fazemos isso. Estamos sujeitos a má interpretação de qualquer maneira. Aquilo que falamos não pode comprometer ninguém a não ser a nós mesmos. Dialogo e discução neste caso sempre são a melhor solução. Falo por mim quando digo que o mais importante é estar com a consciência tranquila, se você está com a razão ou não isso é apenas um detalhe. Não entendo, de verdade, como alguém pode se meter numa coisa dessas! E depois ainda ficar dando mais corda ainda pro assunto, jogando mais lenha na fogueira. Se toca e se encherga, ou vai acabar morrando enforcado ou queimado com aquilo que você mesmo plantou. Nutrir esse tipo de sentimento nos outros e em você é perda de tempo, não é dessa forma que consiguirá alguma coisa, não é assim que o mundo funciona, aonde é que você quer chegar com isso? Pense se cosegue argumentar, se é possivel converser alguém de que esteja certo, se consegue justificar tal atitude. E se não puder simplesmente esfrie a cabeça, fique bem consigo mesmo, não se prenda, não se enrole com esses probleminhas que você cria sozinho. Se tudo está calmo não quer dizer que há alguma coisa de errado. Não pense que só porque muitos estão contra contra você, quer dizer que está sendo injustiçado e que não o compreendem, e que provavelmente estão errados. A maioria as vezes acerta e tratando-se de pessoas sensatas que serão futuros jornalistas creio que isso é bem provável. Tome como lição ou sei lá, ao menos assuma o erro, peça desculpas, pra mim isso não é uma coisa normal, um erro que qualquer um pode cometer todos os dias, é algo muito sério e as consequencias podem ser muito graves. Enfim, não continue achando que você está certo, porque você não está!

Bom creio que algumas pessoas saberão do que se trata o texto e até qual é o epsódio de que me refiro, mas foda-se. Tentei generalizar mas não tive muito sucesso... rs. Pelo menos consegui explicar como me sinto em relação a isso.
Beijos.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Passo a Passo

Propaganda da Coca-Cola (The Coke side of life)
Linda!!
Não foi veiculada no Brasil
Vale a pena assistir.